terça-feira, 25 de abril de 2006

Abril de Abril

Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.

Era um Abril comigo Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.

Era um Abril na praça Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.

Abril de vinho e sonho em nossas taças
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.

Era um Abril viril Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.

Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas.


Manuel Alegre
30 Anos de Poesia
Publicações Dom Quixote

3 Comments:

Blogger a.castro said...

Maria Papoila,
Junto-me à poesia de Manuel Alegre com um cravo para pôr na lapela do Cavaco e não só...:
Comemorando
Bjs.

1:43 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
um menino que sorriu
uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu
um pão que se repartisse
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse
e entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo que levantava
sobre um rio de pobreza
a bandeira que ondulava
a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só faltava agora
que este Abril não se cumprisse.
Só nos faltava que os cães
viessem ferrar o dente
na carne dos capitães
que se arriscaram na frente.

...
agora ninguém mais cerra
As portas que Abril abriu!

José Carlos Ary dos Santos)
(Quero acreditar que ainda é assim...com muitos cravos vermelhos à mistura)
Margarida

10:42 da manhã  
Blogger Jorge Alves said...

Pena que o poeta não
se tenha juntado ao povo em mais uma comemoração!! Mas acho que o legado que nos deixou já é suficiente para que não o esqueçamos!

10:26 da tarde  

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